Em crise, indústria pornô se reinventa para não morrer.
O trabalho de garota de programa deixou de ser uma opção provável e se tornou uma necessidade para atrizes de filmes pornográficos que trabalham no Brasil.
Com a venda de DVDs pornôs em baixa, a indústria do sexo tenta se reiventar. O aumento da pirataria e o surgimento de novas opções para quem procura conteúdo sexual na rede - como as strippers virtuais - tirou mercado de atrizes e produtoras pornôs.
Mulheres com trabalhos comuns largaram tudo para faturar com shows interativos na web. Dizem ganhar até R$ 10 mil por mês, sem sair de casa ou ter contato físico com clientes. São encontradas às dezenas em salas de bate-papo e serviços de buscas.
Resultado: "Uma cena que valia R$ 1 mil hoje vale R$ 500. Não tem como aceitar. Não dá para se sustentar só com filme [pornô] no Brasil", diz a acompanhante Patricia Kimberly, 28, estrela de longas como "Aula de Sacanagem" e "Garotas do Boliche".
TORMENTA
No ano passado, a produtora mais famosa do país, a Brasileirinhas, chegou a divulgar uma nota desmentindo boatos de que estaria fechando. A empresa já trabalhou com celebridades como Leila Lopes (1959-2009), Alexandre Frota, Gretchen e Rita Cadillac.
Nos EUA, Steven Hirsch, fundador da gigante pornô Vivid Entertainment, criada em 1984, admite que o setor vive numa "tormenta perfeita".
"Queda na venda de DVDs, pirataria violenta, conteúdo gratuito e economia frágil... É o pior momento desta indústria em 25 anos", disse ao jornal norte-americano "USA Today".
"Por isso, muitas garotas começaram a fazer programa. O programa é garantido, todo dia", diz Patricia Kimberly.
"As produtoras estão parando porque este mercado [de DVDs] está acabando", diz Valter José, filósofo especialista em Kant e diretor de filmes pornôs. "Hoje, o formato do pornô no mundo inteiro já combina com a internet", explica.
Conseguir números precisos que contemplem o estado de espírito do mercado do pornô brasileiro não é tarefa fácil. Apesar da informalidade inerente à categoria, analistas que acompanham o setor há décadas veem uma transição clara entre a distribuição do conteúdo em mídias físicas (como DVD) para mídias virtuais.
"Os consumidores também se tornaram produtores", diz Maria Elvira Diaz-Benítez, autora de "Nas redes do sexo - Os bastidores do pornô brasileiro". Segundo a pesquisadora da Unicamp, a indústria dos DVDs "acabou", mas a pornografia segue forte no "front" virtual com outros personagens.
Caso de Anna Stripper, ex-gerente de loja formada em psicologia, que se sustenta exclusivamente de apresentações feitas por webcam.
"Com certeza ganho mais do que uma stripper de boate. E nunca precisei sair com nenhum cliente", jura.
FONTE: FOLHA/UOL
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