A imortalidade literária.
Não sei como ainda há escritores que crêem na imortalidade literária.
Entendo que haja quem creia na imortalidade da alma, posso entender inclusive os que crêem no Paraíso e no Inferno, e nessa estação intermediária e surpreendente que é o Purgatório, mas quando ouço um escritor falar da imortalidade de certas obras literárias me dá vontade de esbofeteá-lo.
Não estou falando de surrá-lo e sim de dar-lhe uma só bofetada e depois, provavelmente abraça-lo e confortá-lo.
Sei que alguns não estarão de acordo com isto, basicamente pessoas não violentas. Assim como eu.
Quando digo dar-lhe uma bofetada estou pensando sobretudo no caráter lenitivo de certas bofetadas, como aquelas que no cinema se dão aos histéricos e histéricas para que reajam e parem de gritar e salvem suas vidas.
Roberto Bolaño.
Tradução: Reuben da Cunha Rocha.
Revista Pitomba
Nenhum comentário:
Postar um comentário