quinta-feira, 14 de junho de 2012

Morre o cineasta Carlos Reichenbach.



O cineasta gaúcho Carlos Reichenbach morreu por volta das 17h30 desta quinta-feira (14), dia em que completou 67 anos, em São Paulo. 

Segundo a produtora Sara Silveira, sócia de Reichenbach, ele sofreu uma parada cardíaca e foi levado à Santa Casa de Misericórdia, mas chegou morto. 

A notícia do falecimento foi divulgada em comunicado pela assessoria de imprensa Procultura. 

Nome associado ao cinema marginal e à Boca do Lixo paulistana, Reichenbach dirigiu 22 filmes, entre eles "Lilian M: Relatório Confidencial" (1975), "Sede de Amar" (1979), "Amor, Palavra Prostituta" (1982) e "Alma Corsária" (1993), ao longo de mais de 40 anos de carreira. Seu último longa foi "Falsa Loura", de 2007, com Rosane Mulholland, Cauã Reymond e Maurício Mattar no elenco. 

Em 2010, durante o Festival de Brasília, Reichenbach afirmou que seu próximo projeto seria o filme "O Anjo Desarticulado", vencedor do Prêmio Estímulo do Ministério da Cultura. A vontade do diretor era que a soprano norte-americana Barbara Hendricks estivesse no elenco. 

Repercussão 

Sara Silveira, sócia e amiga, lamentou a morte do cineasta. "Morreu a pessoa que me ensinou tudo, meu mestre, meu melhor amigo, um cara jovem. É muito triste. Ele é a pessoa mais importante da minha vida, me ensinou tudo que eu sei de cinema. É um dos artistas mais importantes desse país." "Ele é um querido.

A gente perde um grande apaixonado pelo cinema, principalmente, pelo cinema brasileiro", diz a atriz Luciely Di Camargo. "Ele fazia os filmes com as próprias mãos para fazer acontecer. Estou bem triste."

Trajetória
Reichenbach nasceu em Porto Alegre, mas foi em São Paulo que se consagrou como um dos principais nomes do cinema nacional.
Ignorado pela Academia, mas detentor de diversos prêmios em festivais nacionais como Gramado, Brasília e Ceará, ele via com maus olhos as recentes tentativas do Brasil de buscar um Oscar. "Isso é uma sandice. Uma das coisas mais funestas que aconteceu nos últimos tempos é esse tipo de cobrança", decretou em entrevista ao UOL em 2008. "Ou se faz filme pra ver no Brasil, ou se faz filme para festival. Isso tem provocado a despersonalização brutal do nosso cinema. Mal do Oscar que nunca premiou Nelson Pereira dos Santos", provocou.
Na mesma entrevista, realizada por ocasião do lançamento de "Falsa Loura", o cineasta defendeu as possibilidades de compartilhamento de filmes na internet, especialmente para o resgate de trabalhos históricos, que não encontram mais espaço nas salas de cinema ou locadoras.
"Sou frequentador de cinema assíduo desde os 15 anos. Nunca fiz a conta, mas devo ter visto mais de 2.000 ou 3.000 filmes na minha vida toda. E às vezes ainda me assusto: que filme é esse? Nunca vi", disse. "Filmes são para serem vistos. As pessoas têm que ter direito a esse acesso. O espaço está mudando. O cinema hoje não é só mais o cinema de shopping center", concluiu.
O velório do corpo do cineasta será realizado a partir das 23h desta quinta, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A família planeja sepultá-lo no Cemitério do Redentor, onde também está enterrada a mãe de Reichenbach.

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