segunda-feira, 14 de maio de 2012

Obras de rua ganham mapa com audioguia. Dá para observar 103 locais em São Paulo



Felipe Lavignatti cresceu querendo ser artista, mas acabou se tornando um jornalista apaixonado por artes. Com André Deak, ele é o idealizador do projeto Arte Fora do Museu, que mapeou 103 obras, entre esculturas, grafites, murais e edifícios que se destacam na paisagem urbana de São Paulo. O trabalho dos dois jornalistas virou um mapa interativo. 

Além da localização, traz também fotos e vídeos com especialistas comentando a importância e o contexto de cada obra. O mapa pode ser acessado na internet ou baixado como aplicativo para iPhone e iPad. É uma espécie de videoguia da arte de rua paulistana. O conteúdo pode ser acessado no site arteforadomuseu.com.br
O aplicativo é gratuito. "Visitar um museu com audioguia é uma experiência completamente diferente. Queria proporcionar a mesma sensação para quem está na rua", afirma Lavignatti. 


O grafiteiro Pato, a educadora da Pinacoteca do Estado Rosana de Paula Prado e os arquitetos Ricardo Ohtake, Valter Caldana e Isabel Ruas são as vozes que acompanham quem quer conhecer melhor os tesouros escondidos na cidade. "É só prestar um pouco de atenção que você acha um prédio do Oscar Niemeyer ou um grafite de Osgemeos do seu lado." 




Grafiteiro Pato



Na primeira fase do projeto, Lavignatti e Deak fizeram a curadoria em um universo de mais de 500 obras. Com a ajuda de um crítico de arte e de um especialista em roteiros artísticos, começaram a seleção somente entre obras contemporâneas e modernas. Além deste pré-requisito, era necessário que o objeto tivesse o valor artístico reconhecido. "A princípio, queríamos que o mapa fosse colaborativo, mas o diferencial é exatamente o olhar curatorial sobre a cidade", afirma Lavignatti.

O projeto tem ainda por objetivo levar o cidadão para a rua. "As pessoas ficam nesse clima de medo e não se passeia mais. Queremos valorizar a calçada." Antes de começar os trabalhos do Arte Fora do Museu a dupla percorreu a capital para encontrar as obras e, segundo Lavignatti, o olhar dos dois sobre a cidade também mudou. "Uma cidade como São Paulo te leva a não olhar, você não presta atenção no caminho. Essa é uma forma de redirecionar o olhar." 


Roteiros. 


As obras selecionadas no mapa ficam principalmente no centro expandido da cidade. O que por um lado limita a experiência dos observadores, por outro facilita a locomoção entre os lugares, que pode ser feita a pé. 

Com a colaboração da São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), dez roteiros temáticos são sugeridos aos interessados. "São recortes dentro do nosso recorte", afirma Lavignatti. Entre as opções, um roteiro apenas na Avenida Paulista ("superfácil de fazer", segundo os organizadores), outro com os principais edifícios de Niemeyer ("muito legal", também na avaliação da dupla) e o último com murais em fachadas e empenas de prédios no centro e em Higienópolis. 

Futuro. 

Os planos futuros para o projeto são ambiciosos. Felipe Lavignatti e André Deak querem criar aplicativos semelhantes para as cidades-sede na Copa de 2014. A tradução do conteúdo para inglês e espanhol também está nos planos, assim como a exportação do modelo para fora do Brasil. "Vamos nos associar a artistas, estudiosos e professores para fazer o projeto com quem tem domínio dos locais."


fonte: estadão

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