sábado, 24 de setembro de 2011

O GOOGLE quer ser a sua mãe.




A mamãe Google sabe das coisas.


Google gostaria de usar os dados referentes à minha localização. Ele quer saber onde eu estou, e me ajudar a organizar as minhas informações pessoais. O Google está sempre pensando em novas coisas que pode fazer por mim. O Google é a minha mãe.
Esse pensamento me ocorreu quando eu recusava mais um pedido desse gigante da área de busca na internet por permissão para utilizar os dados referentes à minha localização a fim de aprimorar os serviços que ele me oferece.


A intenção é boa e é muito bom saber onde fica a loja especializada em venda de café mais próxima. Se eu mencionar em um Gmail que estou me sentindo meio desanimado, o Google recomendará instantaneamente algumas vitaminas ou oferecerá detalhes sobre a clínica Wellman. Só uma mãe pensaria nesse tipo de coisa. E tem mais. Por que ele criou o Google+ para competir com o Facebook? Obviamente porque ele está preocupado com algumas das pessoas com as quais em tenho interagido. Naturalmente o Google ficará chateado se eu não quiser compartilhar as informações. Eu posso imaginar o Google pensando: “Seria demais pedir que você me deixasse saber onde você se encontra de vez em quando, de forma que eu saiba que você está em segurança em um local situado dentro de um raio de 200 metros de um Carluccio's?"
Durante algum tempo, esse nível de intrometimento foi desconcertante, mas, depois, eu percebi... O Google só está preocupado comigo. Lá no Googleplex, em Mountain View, eu percebo agora que Larry Page está pensando: “O que houve com Robert? Ele não liga nunca. Ele está se alimentando muito mal”. Francamente, foi uma insensibilidade minha não ter percebido isso antes. Mas eu resolvi ser um filho melhor e, agora, por exemplo, eu sempre envio a ele um e-mail após viagens longas de avião de forma que ele saiba que eu aterrissei em segurança. Larry é assim mesmo. Ele simplesmente se preocupa com os outros.
É claro que às vezes isso pode ser irritante – e quem está falando isso é filho de uma mãe judia e que, portanto, tem um grande nível de tolerância em relação à intervenção dos pais. Eu realmente não entendo por que ele tem que mandar um carro rodar por aí a fim de fotografar a minha casa para o seu projeto Street View. Talvez se eu tivesse telefonado com mais frequência...
Para fazer justiça à minha mãe biológica, ela jamais utilizou as minhas informações pessoais para fins comerciais; embora, pensando bem, ela tenha me colocado em contato com uma pessoa que me vendeu hipotecas. Mas eu tenho certeza de que ela não recebeu nenhuma comissão por isso.
Tudo isso é, de certa forma, muito confuso. Na nossa sociedade cada vez mais atomizada, é bom saber que há alguém lá foram tomando conta de nós, ainda que apenas em nível de software. Nós contamos com uma família inteira no ecossistema da Web, disfarçada daquilo que é chamado de “personalização”, oferecendo recomendações sobre onde nós devemos ir, o que deveríamos comprar e ler. E quanto mais informações você fornece a essa família, mais pessoal será o tratamento que você receberá em troca.
Se o Google é uma mãe, a Apple é um pai. Ela é um pouco mais rígida, um pouco menos consensual. A Apple tem regras e ela espera que nós as respeitemos. “É claro que você pode levar o seu iPhone para dar uma volta, meu filho, mas eu vou querer saber a sua localização precisa enquanto você está fora de casa, e não tente abrir nenhum aplicativo Flash. Se você não aprecia a interface, simplesmente não a use. Tem muita gente por aí que adoraria estar na sua situação. Talvez até mesmo a sua irmã”.
A Apple fica brava se você não seguir os conselhos dela. “Será que eu vi você tentando desligar o recurso Genius? Eu o inseri no aparelho para você, e portanto eu espero que você o use”. É claro que as recomendações relativas ao Genius no iTunes fazem lembrar o seu pai, já que elas não se adequam muito bem às suas preferências. “Estou vendo que você gosta de Marilyn Manson, mas você deveria ouvir Country Road, de John Denver”.
O Facebook, é claro, é um amigo que lhe diz alegremente o que fazer e aonde ir. “Ei, Robert, não se esqueça do aniversário de John. Muitos dos seus amigos estão comprando a saga Twilight”. Isso explica o sucesso do Facebook porque, temos que admitir, você gosta desse tipo de assistência dos seus amigos. E o Amazon também é um amigo – um cara que você encontra em um bar e que lhe diz o que você deveria de fato ler.
Essa é a nossa rede de apoio ampla. Nós podemos até não conversar com os nossos familiares por mais de uma semana, mas a nossa família virtual é uma presença constante, se preocupando, fazendo sugestões e suprindo todas as nossas necessidades. Ela está à nossa disposição a qualquer hora do dia, de braços abertos, só esperando que nós a abracemos.

fonte:  UOL

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