terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mayer Hawthorne e o "neo-soul"



Se você acha que é só no Brasil que branquelos descolados da classe média alta estão se apropriando do samba e fazendo suas versões anódinas dos ritmos tradicionais, superesa! Mayer Hawthorne está aí pra mostrar que o fenômeno não é exclusividade nossa. Só que em vez de samba, a vítima é o soul. Mayer Hawthorne é aquele tipo modernoso que usa roupas que parecem de brechó mas devem custar uma fortuna , óculos “vintage” que acaba de ser lançado e sempre aparece dando dicas de turismo “descoladas” em revistas tipo wallpaper.

Sem som? Imagine Curtis Mayfield e coloque camadas e mais camadas de um verniz de ascetismo em tons pastéis. Desculpe o trocadilho mas é um “soul” sem alma nenhuma. É uma música inofensiva, inodora, incolor e insípida. A gente fica até constrangido em criticar porque o cara parece ser gente boa, esta na dele, cultiva os grandes mestres, etc. Mas o resultado realmente é triste.

O disco é bem produzido, tem tudo lá: os timbres, as levadas, as batidas, os arranjos, os backing volcals... mas falta algo, e esse algo faz muita falta. Melhor procurar pelos originais: Curtis Mayfield, All Green, Ottis Redding, Steve Wonder, Barry White, uma pesquisa rápida e você baixa isso tudo em questão de minutos. Os dois álbuns lançados pelo rapaz são agradáveis, entende? Não fazem mal a ninguém, mas se não existissem também não fariam a menor falta, essa é a questão. Talvez fariam falta na sala de espera do dentista, ou como música de elevador, ou finalmente como som de fundo em uma matéria do GNT sobre algum restaurante descolado em Nova York.

O "neo" soul e o "real" soul, veja qual prefere e seja feliz.
Mayer Hawthorne - Just Ain't Gonna Work Out (Official Video)


 

 Curtis Mayfield - Move On Up

 
 
Ailton de Oliveira (twitter: @kinemascopie)



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