domingo, 17 de julho de 2011

Big Mac tem o mesmo sabor em todo o mundo? Pesquisa da USP revela que não.





Da Agência USP de notícias
Para traçar características culturais da alimentação mundial, um estudo da USP pesquisou Big Macs de 26 nações. Ele rastreou a carne que dá origem ao hambúrguer e detectou que o sabor era local, correspondente ao rebanho no país.
“O lanche, considerado o carro-chefe do Mc Donald’s, funciona como um poderoso traçador do sistema de produção de carne dos países. O hambúrguer fornece diversas e variadas informações”, conta o pesquisador Luiz Antonio Martinelli, responsável pela pesquisa do laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, em Piracicaba.
Assim, Martinelli comprovou que, apesar de o Big Mac ser uma comida global, seu sabor é local, pois o hambúrguer é originário do rebanho de cada país. “Mas isso não ocorre no mundo todo. Os isótopos estáveis do carbono e do nitrogênio da carne contida em cada um dos Big Macs estudados mostraram, por exemplo, que o lanche consumido no Japão é proveniente da Austrália".
Esta conclusão foi baseada no fato que as carnes dos lanches japoneses tinham uma razão isotópica do carbono-13/carbono-12 mais elevada do que os esperados num país baseado em uma agricultura de ciclo C3 (norma que caracteriza a forma como a planta faz sua fotossíntese), comprovando que o Japão importa carne da Austrália, onde prevalece o modo fotossintético C4 da lavoura, ou seja, das plantas que suportam altas luminosidades, fato que não ocorre no país nipônico.
“As análises dos isótopos estáveis dos elementos carbono e nitrogênio, contidos nos objetos de estudo, no caso a carne do lanche do Mc Donald’s, forneceram três importantes conclusões. A primeira é que com um simples hambúrguer é possível rastrear o que o gado come pelo mundo todo. A segunda nos confere à possibilidade de estabelecer como carnes produzidas em diferentes países viajam pelo mundo. E a terceira é que, por uma questão de mercado, o igual não é tão semelhante assim”, relata.
Essas conclusões levaram Martinelli a empregar o conceito “glocal”, fusão das palavras global e local, no Big Mac. “O famoso lanche do Mc Donald’s tem a capacidade de estar, ao mesmo tempo, atualizado ao sistema mercadológico das empresas globais sem perder a influência cultural imposta pelo mercado local”, finaliza.

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