terça-feira, 5 de julho de 2011

Cinema Marginal e o centro velho de São Paulo.


Neste filme (Documentário - 1966), dois sujeitos perambulando no centro velho de São Paulo, procurando o filme perfeito, depois de uma noitada com mulheres e bebidas.

Ambos com pouco dinheiro, mas o suficiente para comprar um jornal, uma HQ, tomar café e ir ao cinema.

"Os amigos discutem o filme que querem ver e não pode ser qualquer um, pois o risco de dormir no cinema é muito grande:
- Filme italiano não dá mais... Não da mais pra assistir, quanta frescura, pra que fazer tanta onda, assim não é possível. 
- Eu entro no cinema é durmo, não vejo a hora de ir embora."


(Me transporta a imaginação de quantos filmes eu já assisti na minha vida em que as duas horas me sacaneiam querendo se transformar em dez).

E a caminhada dos amigos, continua com os seguintes temas: 
Cigarro acabando.
Filmes que já saíram de cartaz.
Ciúmes de mulher.
Quadrinhos.
Desemprego.
Largo do Arouche.
Falta de assunto.
Filme dos Beatles.
Filme colorido e PB. 
Cinemas que já morreram. Lá o cine Paissandu, o cine Alvorada, Cine Bijou, Cine Los Angeles, Cine Arizona que eram a verdadeira Cinelândia Paulista.

A semana azarada dos amigos cinéfilos tem outro diálogo memorável:

" - Esse mês de janeiro até agora foi o pior da minha vida nesses últimos dez anos.
  - Não adianta dizer, mas a gente não pode mais viver assim, sem revolução não dá pé. Tem que vir acabar com tudo e começar tudo de novo."

Fantástico é ver as referencias citadas nesse filme/documentário (dirigido pelo Rogério Sganzerla, Andrea Tonacci, Vitor Lotufo e Marcelo Magalhães) de cineastas que eu adoro como Alfred Hitchcock e Samuel Fuller.

Já quase no final, talvez a melhor coisa que já ouvi sobre suas conversas de cinéfilos.

"- Essa é a nossa famosa geração de merda, de frequentadores de cinema."

E no final desse filme a epopeia e as agruras dos cineastas marginais dos anos 60 e 70 de fazer cinema naquele Brasil.

Maravilhoso!




Alfred Hitchcock

Samuel Fuller

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